quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Advogados equivocados quanto ao significado da Teoria Pura do Direito

Ao ler uma crítica do Wagner Francesco à Teoria pura do direito, de Hans Kelsen, na Carta Capital intitulada de "A prática do ensino jurídico 'sem ideologia' é uma aberração" decidi defender a obra de Kelsen.

Sim, é verdade que não é possível discutir (ou ensinar) Direito sem ideologia. Sou de Esquerda e enquanto não tiver a atenção devida para provar que o Direito "esbarra" também na teoria dos jogos, serei considerado como um doutrinador de esquerda.

A Teoria Pura do Direito não diz nada sobre o conteúdo do direito do trabalho, do direito de família e de outras áreas, mas apenas que nossas constituições e leis infra constitucionais devem apenas tratar de direitos. A Teoria Pura do Direito tenta descrever o que é importante para o Direito. Trata de como fundamentar, como se deveriam fazer e impor as leis (que são baseadas em PRINCÍPIOS) e que devem existir julgamentos. Basicamente: Não trata da forma e conteúdo, mas o que que deve existir e ser tratado. Próprio Kelsen diz que o conteúdo das leis É a parte política. Assim, é possível sim estabelecer uma regra geral e imutável de uma teoria pura do direito. A teoria não se apega a quais são os princípios e normas, mas apenas que elas existem, devem ser fundamentadas, ordenadas e escalonadas(positivadas e devem possuir pesos e medidas).

É ÓBVIO que a justiça pura e verdadeira jamais ocorrerá, pois somos humanos e suscetíveis ao erro, mas a obra, apesar de o próprio autor conhecer os limites de sua teoria e reconhecer que precisa de retoques trata da busca pela perfeição da justiça. Por isso a crítica de Wagner não passa de má interpretação da obra de Kelsen.

Kelsen percebeu que existem regras gerais para se fazer o direito, não se preocupando tanto com o conteúdo das normas, pois isso seria política. E por isso e a partir disso, hoje o direito deve ser positivado. Assim Kelsen focou nas formas como as leis devem (deveriam) ser elaboradas. Seguindo a teoria do ordenamento e escalonamento jurídico. Você pode ficar revoltado, pode praguejar, xingar, mas você tem que aceitar: Deve existir sim uma ordem (com pesos e medidas) e um escalonamento para as leis (e mesmo princípios). Não sendo assim, NÂO É POSSÍVEL fazer o Direito de forma justa. É graças ao direito positivo que se escutam as vozes das ruas. Ou acreditam que em países como Arabia Saudita ou Emirados Arabes Unidos ou num Estado Islamico a população é ouvida? A complexidade não está na forma como se faz o Direito, mas sim nos Direitos que devem ser defendidos e isso deve mesmo ser decidido pela sociedade. Esta é a parte política.

O prefácio da primeira e segunda edição da obra de Kelsen já se desculpa por não ser completo e que precisa de retoques. Ela trata da percepção de que existem axiomas e não de como eles devem ser escritos e pesados.

Entendo as motivações e o contexto da crítica de Wagner, mas apesar de reconhecer, assim como o próprio Kelsen reconhece as falhas de sua obra, ela tem sim grandíssimo valor e fundamentação e se não fosse o Direito positivo, muitos de nós já estaríamos dependurados por uma corda.

Podemos resumir que a Teoria Pura do Direito apenas diz os tópicos que uma constituição e suas leis infraconstitucionais devem ter e não detalhar detalhar tais tópicos.

Não se pode confundir a Teoria Pura do Direito com a Disciplina do Direito ou sua prática.

Por favor, caso o autor leia, perdo-e-me, e pela forma abordada. Mas ataques ao Dirito Positivo (que busca de garantias de boa fundamenação das leis) me parece ser um tipo de imposição ou ditadura. Que sociedade iria para frente ou desejaria ser tendo regras qe não fossem as corretas?

É verdade que sempre seremos governados por algum grupo, mas não é melhor ser governado pela razão do que pela força? O positivismo deu o espaço para a argumentação, mas os ditadores não dão. Se tem algo de errado com nossos modelos políticos, econômicos e jurídicos, nem o positivismo nem a academia são os culpados. Os culpados são os que não sabem interpretar e trazer a intenção de Kelsen em obter um direito puroe o seu correto uso na criação das leis.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Onde os fracos não tem vez



Eu gosto muito deste canal: Primitive Technology

Estava assistindo um video questionando o que faz as pessoas se interessarem tanto em sobrevivencia na floresta e cheguei a algumas conclusões.

Eu acho que, infelizmente, a humanidade é fraca hoje. Eu penso sobre isso: há muito tempo atrás, nós não tínhamos fogo, brigavamos com animais na floresta, fugiamos de predadores, iamos atras de nosso alimento direto na fonte.

Nós eramos adaptados na natureza. Mas nosso desejo de ter facilidades nos concentrou nas cidades. Estamos tão acostumados com as facilidades que perdemos o medo dos predadores, perdemos o cuidado com os espinhos. Enfraquecemos nosso sistema imunológico a tal ponto que somos obrigados a filtrar ou ferver a água que bebemos. Enquanto visiantes de fra da India podem ter diarréia severa ao beber da água do Ganges, os indianos estão acostumados.

A vida na cidade, em uma civilização, nos faz esquecer o cuidado que teríamos em um mundo selvagem. Mesmo aqui no Brasil, posso citar um exemplo do quão despreocupados e despreparados podemos estar se saimos de uma civilização para "outra": Caso em que um carro com grupo de turistas foi baleado por traficantes ao subirem o morro guiados por um aplicativo de localização. Animais perigosos são encontrados somente nas florestas?

https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2016/12/17/no-rio-errar-o-caminho-e-cair-em-uma-favela-pode-ser-fatal-para-motoristas.htm

Se não fosse pelas nossas fraquezas, não teríamos aprendido a lidar com o ambiente tão bem. Eu só acho que é uma tristeza que estamos dependendo muito de tantas tecnologias, sem saber de onde eles vieram e como eles foram criadas.

Talvez por isso tanto interesse de alguns mateiros. Por que pagar caro se podem fazer tanto com tão pouco, sem os vicios das tecnologias e longe dos criminosos?

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

Deturpando significados em prol de ideologias

Vejo-me em uma guerra. Parte da elite atual tem medo de perder o que acham que tem e começam a infiltrar desinformadores até nos movimentos de esquerda, fazendo parecer que a esquerda quer retirar direitos fundamentais. Por isso tenho que brigar pela internet por causa de muita gente com preguiça de fazer um estudo sobre as definições. Não sabem o que significa esquerda, Estado, capitalismo, comunismo, socialismo e etc. Mesmo na esquerda acontece de termos os ignorantes.


Mesmo os anarquistas tem acordado para o fato de que não são contra a hierarquia mas sim a obrigatoriedade de se abaixar a cabeça para alguém no comando, mesmo estando correto em sua argumentação. Anarquia nunca deveria ter se tornado sinônimo de bagunça ou desordem, mas a direita conseguiu deturpar o significado dela. Anarquia não significa que podemos colocar crianças de 5 anos no comando de uma indústria. Portanto, alguma hierarquia deve ter. Na anarquia, os argumentos relevantes sobem pela esfera hierárquica sem a necessidade de ele ter sido formado por um especialista e sim se é bem fundamentado.

O mesmo problema com a palavra Estado. Muitos anarquistas não sabem o que é Estado. Eu concordo que estamos em um Estado merda, com um capitalismo merda. Mas não significa que esquerda ou anarquistas devam ser contra estado. Mesmo que um governo anarquista suba ao poder para definir suas regras e tendo soberania, esse espaço, com este povo e com suas regras internas, será considerado Estado. Não adianta espernear dizendo que não formou um Estado, pois por definição acadêmica é Estado. A falta de tato da esquerda em criticar o modelo atual capitalista leva a direita achar que a esquerda quer o fim da propriedade privada. E isso não é verdade. Mesmo numa sociedade socialista deverá ter algum direito de propriedade, o que lhe dará também o direito de vender seu trabalho para outro, se assim o desejar. O que quero dizer com isso é que a esquerda nunca conseguirá nem tem interesse em retirar direitos fundamentais.


A palavra “esquerda” vem do tempo da monarquia francesa de Luis XV. Onde os a favores da participação maior da sociedade nas decisões ficava à esquerda do Rei, enquanto os defensores do absolutismo ficavam a direita. O que a Esquerda atual defende:

- Democracia participativa. Já que a anarquia foi deturpada como sinônimo de baderna, podemos substituir por uma mais atualizada: A democracia participativa ou direta;
- Estado democrático de direito;
- Direitos da coletividade e funções dos patrimônios públicos;
- Liberdades individuais;
- Direitos humanos (incluindo Direitos ivs, de família, trabalhistas...);
- Direito de propriedade e Capitalismo, mas limitado e regulado por toda a sociedade;
- Criação de gatilhos constitucionais disponíveis à sociedade para remoção de governo ou parte dele.

De fato, analisando a história e melhoria da gestão do governo, cada vez mais gente e pessoas capacitadas para gerir o governo foram entrando. A medida que o tempo vai passando, cada vez mais cresce o número de participantes. Evolução de seus governos a medida que a sociedade foi ficando mais educada e consciente:

1º tempo: Monarquia;
2º tempo: Ditadura (pós-guerra - ou início de sociedade tribal);
3º tempo: Democracia representativa - consulado - (senadores da Roma e Grécia de milênios atrás);
4º tempo: Democracia representativa (3 poderes de Montesquieu), e a 5ª, próxima forma pode ser:
5º tempo: Democracia participativa por discernimento (Ou Democracia direta por meritocracia). Todos os que fossem aprovados nas provas de habilitação.

Qualquer um que tem o mínimo de amor pela ética, conhecimento acadêmico, antropologia, história acaba se tornando alguém com tendências à esquerda. Deve ser evidente que se algo dá errado dentro do Estado, seja em qualquer área, Sistema, governo, ou estrutural, ou etc, qualquer um tenha a capacidade de perceber a falha e corrigi-la. Por isso a necessidade da participação do máximo dos capacitados da sociedade.

No que se refere ao medo da esquerda, é que ela deseja um Estado mais justo. Um que regule melhor os impostos. Permita taxas escolhidas de forma democrática e técnica. Que atraves estas taxas, distribua melhor a renda e recursos pela sociedade. Ela é defensora em maior peso de se atender as necessidades fundamentais da sociedade do que os desejos supérfluos da elite.
Exemplo: deve-se encontrar equilíbrio entre o princípio do direito de propriedade com o princípio do direito a dignidade humana e da vida.

Deveríamos ter uma democracia participativa, com a hierarquia se fundamentando seus argumentos baseando-se no conhecimento. Todo o resto, como as formas em que o capitalismo seria regulado, seria determinado por uma decisão do coletivo.

A loucura em qua direita e seus desinformantes chegou ao ponto de desejar menos Estado fiscalizando. Resultado: Escritor critica participação de neoliberais no comando do Estado - Tragédia de Brumadinho:

"Se o estado fiscaliza ele sufoca, se o estado não fiscaliza e da merda o mesmo é culpado. Esse pessoal tem que se decidir. " (M EM)


Uma perda para a humanidade. Sabrina Bittencourt se suicida: